terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Galope do Jugo, Julgo e Dogmas


A moça bonita beija a outra menina
E o macho se esfrega no pau de outro macho...
Parece que o homem do diabo é capacho
E o adúltero julga ser erro essa sina;
Porque o homem vê a prostituta na esquina,
Achando-se o santo dá a grana pra amar,
Depois com seu bico empinado pra o ar
Despreza o mendigo que lhe é semelhante,
Julgando-se certo em caminho brilhante
Que leva ao buraco mais fundo do mar.

Eu fico buscando no mundo gigante
Ventura, candura, o amor de verdade...
Não jugo que dão por um dogma ou maldade,
Por puro desprezo de uma alma ofegante
Que quer, que deseja ser sempre operante
Na pura malícia, e o veneno a esporrar
No rosto de quem tá perdido, sem lar...
Talvez se ele olhasse no furo do umbigo
Veria que o espera o mais duro castigo
Que leva ao buraco mais fundo do mar.

O julgo parece que vem do Inimigo
E o tolo coloca e repassa pra o povo,
Dizendo ser cem, mas não passa de um ovo
Comido com gosto lá fora do abrigo...
Se o tolo vier tirar uma comigo
Eu jogo as verdades que tem que escutar,
Nem deixo esse cego no ouvido a falar,
Porque muito sei que isso é falta de amor,
Sem ele o coitado verá o Malfeitor
Que leva ao buraco mais fundo do mar.

Cairo Pereira