quinta-feira, 28 de junho de 2012

Maga



Quando o frio da noite muito escura; e a
madrugada silente se apresenta
a minha alma deseja uma ventura
de ver-me em teu regaço que me esquenta.

Nessas horas meus versos são sofridos
espargindo de mim mil sentimentos,
pois quem manda a saudade em tempos idos
é a Distância, a vilã dos pensamentos.

Tu não sabes da dor que invade o peito,
este peito que te ama, ó minha amada!
Que venera, que clama por esteio,
quando chega a silente madrugada.

Eu me lembro das frases proferidas
como garças voando sobre o rio,
prometendo jamais ter despedidas,
me enchendo de esperança e muito brio.

Os sorrisos contentes que me deste...
E eu me lembro da lágrima pungente:
um contraste que gera em mim a peste
que inflama, que devora a minha mente.

Sinto o licor descendo goela abaixo
contradizendo tudo o que vivi;
e todo o pensamento vira um facho,
apertando-me tanto junto a ti.

Belas fotografias da memória
que esta neblina densa não apaga,
fazem-me acreditar na minha inglória
e o poderio que tens, ó santa maga!

Poderio que tu não sabes tê-lo
na fragrância que tens e esbanja tanto...
Viajo a maciez de teu cabelo,
cada pétala rosa de amaranto.

Cantos noturnos, claros, solitários,
melodia escondida, doce arcano,
a mágoa verossímil dos calvários
que trago no meu peito há muitos anos.

Tu não viste a incruenta e dolorida
ferida neste breu que cerca agora,
mas me acusas de não viver a vida:
como podes ser rude assim, senhora?

Como pôde dizer-me tais perjúrias
e fazer-me iludir pela inverdade?
Eu sinto dores acres e não fúrias,
derretendo sem ter a claridade.

E tudo a madrugada traz lembranças
que tivemos momentos tão felizes,
namorados alados e águas mansas...
Agora pense, lembre... E o que me dizes?

Tu dizes que não vejo e não me importo,
que levo os pensamentos para o mar;
isso causa em mim tanto desconforto
nas madrugas que em ti passo a velar.

Este peito que te ama, ó minha amada!
Quer que tu vejas minha desventura,
quando foges assim da minha estrada
me deixando sozinho à noite escura.

28/06/2012 11h48

terça-feira, 19 de junho de 2012

Broto


Bom dia meu broto lindo!
Já acordei pensando em ti,
nos sorrisos que me deste,
abraços que recebi,
brincadeira, amor gostoso...
Juro que não me esqueci!

O teu riso é que me encanta!
Os teus beijos? Frenesi!
Eu não posso te largar
e esquecer o que vivi
sem dizer-te: - Meu amor,
juro que não te traí!

Dói meu peito de verdade,
pois agora não menti.
Eu abri meu coração
com ternura para ti,
fui sincero, broto belo,
em teus encantos caí.

Vou ficar, confesso mesmo,
com pesar brotando aqui
em meu peito lacerado,
relembrando o que vivi,
dos momentos mais felizes
que vivi só para ti...

07/02/2012

segunda-feira, 18 de junho de 2012

A Saudade e o Delírio

A saudade que eu sinto em meu ser
é delírio, é canção, é poesia, 
é feérica linda, é magia 
que me encanta no torvo viver; 
é a lembrança que eu sinto em rever, 
na memória que insiste em mostrar 
a alegria vivida ao luar, 
na meiguice com meu doce amor. 
Ó, saudade que canto com dor, 
no delírio do meu versejar!

Eu relembro das noites de inverno
em que a flor me afagava no rosto:
eu deitado ao seu lado, em meu posto,
me esquecia do lúgubre inverno.
E vivia na noite à falerno
sedutor, no prazer desse amar.
Como pássaro ledo ao cantar
à tardinha, ao final do labor.
Ó, saudade que canto com dor,
no delírio do meu versejar!

Quando eu ouço as canções dos momentos
em que estávamos ledos assaz
sobre o tálamo quente que apraz...
Eu viajo com meus pensamentos;
e, até hoje os fatais sentimentos
que navegam cismando no ar
não trafegam sem eu prantear
de queixume, por não ter amor.
Ó, saudade que canto com dor,
no delírio do meu versejar!

E nos transes sofridos da vida
em que eu perco a razão, a alegria;
em que eu sinto a feral nostalgia
que é causada em cruel despedida,
a minh' alma se torna abatida
com saudade das ondas do mar
e das conchas que eu ia pegar,
com os risos da mais bela flor.
Ó, saudade que canto com dor,
no delírio do meu versejar!

Eu nem quero fazer mil rodeios,
escondendo esta minha tristeza,
ao lembrar da formosa princesa
que fazia comigo passeios,
me levando em arpejos e enleios
ao clarão do farol sobre o mar,
planejando um futuro e um bom lar,
recheados com júbilo e amor.
Ó, saudade que canto com dor,
no delírio do meu versejar!

E, hoje, morro de pura saudade,
aos arpejos da triste canção
que encarcera o meu bom coração
que suplica: "- Me dê caridade!"
Mesmo só, sem fanal, equidade...
Dou louvores à dama que está
recebendo este meu poetar,
altruísmo de um vil sofredor.
Ó saudade que canto com dor,
no delírio do meu versejar!


05/04/2012 8h29

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Súplica

Saudade de ti, meu brotinho;
saudade infinita no peito!
Eu quero que aqui bem pertinho
me faças ser tão satisfeito.


Desejo o desejo dos Cantos
proféticos, santos e ledos
com flores, milhões de amarantos,
delírio nos rijos penedos.


Que o peito do bardo sofrido
proclama a paixão caliente,
o amor em seu peito escondido
a ti, meu brotinho contente.


Se sentes paixão como a minha,
saudade que abrasa e consome
te digo sem ter entrelinha:
- Não vou me esquecer do teu nome!


Que o peito do bardo sofrido,
a ti, meu brotinho contente,
o amor em seu peito escondido
proclama a paixão caliente.


Saudade infinita no peito!
Eu quero que aqui bem pertinho
me faças ser tão satisfeito...
Saudade de ti, meu brotinho!



13/06/2012 12h18