sábado, 22 de novembro de 2014

Degraus

Quantos lances de degraus?...
Para que tantos degraus?...
Senhor Tempo mata mesmo!
E a certeza é tão incerta
Quanto o palmo logo à frente.
Mas subimos os degraus...
Com a esperança de quê?
E descemos os degraus
Num pungir soturno e grave,
Almejando ser puxados
Para o topo dos degraus.
Na inverdade tem verdade
E o convexo é provisório,
Como o lance de degrau
Que ficou lá no passado.
A chuva molha os degraus...
E será chuva de lágrimas?
Mas as lágrimas também
Têm suas complexidades:
Ora triste de agonia;
Ora triste de saudade;
Ora cândida alegria;
Ora pura caridade;
Ora torpe de maldade;
Ora símbolo de dor;
Ora fúnebre rancor...
Nos degraus da Imensidade.

11/11/2014 16h48

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O Mundo de Gisele

A Gisele se prendeu
Em seu mundo por vontade,
Onde não há primavera,
Nem do sol a claridade;

Não há canto, caridade,
Carinho, companheirismo,
Compromisso cativante,
Quem quisera - consumismo.

O seu mundo é diferente:
Habita uma só pessoa
Numa gaiola fechada,
Mas pererecando à toa.

Liberta-me, por favor!
Esperneia o coração,
Desejando um companheiro,
Um amor, mas com paixão.

Reencontrar o perdido
Florido, cheio de sol,
Com passarinhos cantando
Na manhã com arrebol.

"Se eu pudesse, conseguisse
Viver, e por mim deixasse
De ser sempre, sempre vice
E revesse a minha face...

"Se para o pregresso olhasse
Sem o medo de sofrer;
De meu mundo, com certeza,
Eu veria o amanhecer.

"Mas, porém, eu tenho medo
De sentir algo medonho,
Algo que não quer dizer:
Se parece com um sonho."

E os fantasmas do passado
Visitam constantemente
A mulher que é caridosa,
Que deseja uma semente;

Que se esconde com receio
De sofrer por despedida;
Que se fecha na redoma
Larga, grande e tão comprida;

Que deseja um mundo novo
Com sorriso e passarinho,
Com jardim e lindas flores
Espalhadas no caminho...

Um mundo inteiro na mente,
No coração sentimentos...
São torvelhinhos, faróis...
São os seus lábios sedentos.

Tanto que a alma de Gisele
Na cama, só, se angustia,
Perguntando-se confusa:
A letícia vem num dia?

06/11/2014 

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Contumácia

Dê-me motivo para ver teu riso
Na florescência bela de criança.
Que estripulia trazes nesta andança
Do tempo louco que levou meu siso?

Tua alegria já não mais preciso,
Pois ela traz a mim desesperança,
Pode causar em mim a tal vingança
No bem maior chamado de Narciso¹.

Desapareço neste mundo findo
Na alegação de quem não quer sofrer
Porque pereço, ó meu filhinho lindo!

O teu rostinho só faz reviver
O meu pregresso ledo que vem vindo
Em quem te fez para me ver morrer!



NOTA: Narciso, cangaceiro no Estado da Bahia que se converteu ao cristianismo.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Ela

Ela tem os olhos belos;
Tem o rosto de uma anjinha,
 É mais linda que rainha...
 Só por ela nutro anelos!
São tão lindos seus cabelos,
O seu corpo é um violão,
Desperta minha paixão,
Sua mão é delicada...
Eita! Que mulé danada!...
Mexe com meu coração! 

Seu perfil é de donzela,
Seu nariz tão perfeitinho,
Como é lindo o seu pezinho,
Nunca vi uma Cinderela
Me afastar da vil procela
Que me leva à perdição;
Que cintura de pilão...
E que pernas torneadas...
Eita! Que mulé danada!...
Mexe com meu coração!

Eu não sei se estou perdido
Ou se já me encontrei nela...
Oh, florzinha na gamela
Não me deixa confundido.
Quero ser por ti querido
Pega, então, na minha mão,
Diga que não é ilusão,
Diga, pois, que é minha amada.
Eita! Que mulé danada!...
Mexe com meu coração!

Quando fala em meu ouvido
Com a sua voz que é doce
Eu já penso: Deus que trouxe.
Isso deixa comovido.
Aqui dentro é um alarido,
É tamanha combustão,
Ela preenche todo o vão,
Pois me encanta como fada.
Eita! Que mulé danada!...
Mexe com meu coração!

Seu encanto é divinal
E me causa frenesi,
Foi na mente que perdi
Todo o meu potencial
De poeta de sarau
Quando eu vi na escuridão
A Divina, vindo, então,
E o meu peito em disparada...
Eita! Que mulé danada!...
Mexe com meu coração!

Posso ser o teu escravo,
Teu poeta, teu amor,
Companheiro de valor
Mesmo não sendo um batavo...
Ainda tento, ainda escavo
O teu peito com razão
De querer ver o botão
Nascer nele, ó minha amada!
Eita! Que mulé danada!...
Mexe com meu coração!


28/07/2014 14h44

terça-feira, 5 de agosto de 2014

A Fotografia Que Não Foi Tirada

Entre a antiguidade e o feio não há muita distância.
A Antiguidade surge como história,
O feio como subjetivo,
Porque fotografias monocromáticas são lindas,
Verdadeiras obras de arte para mim.

E lá estava um pezinho de uma árvore qualquer do outro lado da Avenida,
Talvez ninguém tenha olhado para ele,
Como também não olham para mim.

Enquanto, solitário entre gente,
Procurando a definição da minha enfermidade,
Abstrato do abstrato no recôndito da alma,
Pela janela do vagão do trem,
Onde pessoas conectadas com milhões de outras pessoas,
Num fingimento ou arremedo de relacionamento,
Procuravam a distração moderna para o atrito de corpos,
Olhos no olhos...
Eu, como o subversivo cão que fareja,
Via de longe a planta morta,
Que me parecia tão viva e cheia de sentimentos.

Fotografei-a de ângulos diferentes:
Plano americano,
Picado,
Contrapicado,
Plano-detalhe...
Tudo exatamente, como num treino mental.

Em meu ver, que era do lado de dentro da janela,
Pedia por misericórdia a pobre da plantinha:
- Fotografa-me. Eterniza-me.
Quero uma foto monocromática para que fique de recordação.

Extremamente sensível ao pedido da defunta, chorei;
Chorei incruento perante os usuários
Conectados em mundos diferentes,
Porque naquele átimo não pude ajudá-la.

26/06/2014 15h01

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Fragmento

Espargir meus sentimentos,
Enxugar toda a minha alma
E voar mesmo sem calma
No infinito da poesia...
Derramar os meus lamentos,
Lamúrias loucas, mazelas
Com as artes, formas belas,
Com o abstrato da magia...

Parece até insanidade,
Superficialidade,
Tola falta de verdade
O canto do passarinho.
Mas quem esteve no ninho
Vendo a ferida incruenta,
Sentindo o ardor da pimenta?
Foi o vate tão sozinho.

Queria pular,
Sair e voar,
Talvez não ter ar,
Pra sempre fugir!...
O meu desespero
Tem tosco compasso,
Não sei o que faço!
Talvez sucumbir.

Adeus meus amores passados,
Adeus meus amores febris,
Paixões que fizeram de mim
Pior do que o vil Querubim...
Anelo ter flores de anis.

Eu não sou mentiroso a tal ponto!
Sei que voo sem ter as aletas
Mais formosas do mais ledo conto.
Ah, meus versos são como os cometas!...

14/07/2014 3h13 

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Complexo

Quem sabe um irmão de outra era,
ébrio em uma noite escura,
imaginando a quimera
da mais cândida ventura.

Quem sabe um tronco no mato,
estrelas, noite e lua
em um lugar tão pacato;
uma paixão seminua...

Quem sabe o complexo ardente,
ginásio vazio à noite,
vate chorando pungente
e sem um ombro que o acoite.

Lacerações tão profundas,
mágoas escorrendo em rios,
todas elas, oriundas
de sentimentos sombrios.

Quem sabe o olhar cauteloso
que diz lá no fundo amar,
num gesto insano e maldoso
de quem sabe se vingar.

Quem sabe o cachorro estúpido;
quem sabe alguém coerente,
por ser equânime e cúpido,
tenha a atitude decente.

Quem sabe a profundidade
seja complexa demais,
obstruindo a claridade,
trovada longe da paz

para quem acha bonitas
as trovas de um tolo vate
ébrio, porém sem biritas,
vivendo um plangente abate.

Talvez seja em outra esfera
o cão não olhe maldoso;
o tronco, a dama, quimera...
Tudo seja paz e gozo.

20/08/2013 15h50

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Sentimentos

Você sabe que estou pensando,
que estou lembrando,
revivendo, sonhando...

Bate um vento brando,
mas a brisa é fria
e os seus risos contentes
penetraram em minh' alma.

Sei que você sente,
que se comove aí no colchão,
lembrando do dia do colchão,
sonhando com o dia do colchão,
querendo repetir o dia do colchão
com toda a paixão
que sentimos, coração.
Uníssonos!

Incontida, a lágrima pungente cai,
mas ela não é motivo para mais uma lágrima,
para mais uma mágoa,
obstáculo,
medos e tentáculos,
criados abstratamente
pelos pensamentos - oráculos
que não gostam dos espetáculos
inefáveis do dia do colchão.

Não quero ninguém;
não quero me abrir;
não quero!
Não quero!
Não quero!...

Aqui já existe um passarinho com os pezinhos molhados,
cantando no recôndito
do meu coração indômito.

E eu sei que você sente
e sabe que estou pensando.

16/06/2014 23h04

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Súplica de Um Apaixonado


Atenta não, musa divina!...
A carne é fraca, desmantela!
E cai no chão, em louca sina,
dizendo tanto que te anela!

Por dentro é forte esta procela
e causa tanta adrenalina;
atenta não, musa divina!...
A carne é fraca, desmantela!

O anelo impávido à bonina
será de gozo, Cinderela!
Mil juras faço a ti, menina
na alcova clara a luz de vela;
atenta não, musa divina!

19/06/2014 3h51

Bandida

Saudade maldita! Maltrata, molesta
e deixa tristonho o poeta contente,
que fica isolado num canto silente,
pensando que não há motivo pra festa;
e toda a lembrança o pensar dele infesta,
deixando o coitado caído, sem par,
sem boa esperança, fanal salutar...
Por que essa danada lhe dá ponta-pé,
sabendo que o pobre caminha de ré?...
Cantando o galope na beira do mar.

16/06/2014

No Beijo...

Há os aromas envolvidos,
os corpos entrelaçados,
corações acelerados,
os desejos aflorados
e aguçados mil sentidos.

17/06/2014 22h29

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Uma Palavra


Só precisou de uma palavra terna,
Uma palavra de acalanto, amor!
Para eu viver esta saudade eterna;
Este desejo tão abrasador...

Eu procurei fugir de todo o horror,
Mesmo tremendo a minha tênue perna.
Só precisou de uma palavra terna,
Uma palavra de acalanto, amor!

Quanto carinho o coração externa
Ao relembrar mesmo sentindo dor?
Tu sentes toda esta paixão que inverna
Meu coração que te ama tanto, flor!...
Só precisou de uma palavra terna...

11/06/2014 13h06

sábado, 7 de junho de 2014

Pitadinha

"Sem um Real..."
Jogo de palavra combinado!
Assim não pensamos
em gastos exacerbados em shopping,
lojas, cervejas artesanais...
Serve-nos uma Itaipava,
coxinha de uma Real mesmo
numa mesa de plástico da Skol colocada na calçada.
Não nos preocuparemos com salto alto fino chique,
nem com tênis, se é velho ou novo,
muito menos com etiqueta.
Podemos pôr os cotovelos na mesa de boa,
fazer caretas engraçadas,
contar piadas antigas...
Não pouparemos gargalhadas.
Sim!
Gargalhadas na calçada,
vozes altas, transeuntes...
Porque não precisamos de muito
para sermos felizes, amor.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Projeção

Desenhei um mundo belo
e o pintei com várias cores:
verde, azul, rubro, amarelo...
E sonhei com mil sabores.

Excluí vis dissabores,
confusões, até o flagelo.
Desenhei um mundo belo
e o pintei com várias cores.

Ter no peito um bom anelo
não comove, meus senhores;
nem da diva ser um melo...
Mas em meio a muitas dores,
desenhei um mundo belo.

04/09/2013 2h50

quarta-feira, 28 de maio de 2014

O Outro

Ele quer te possuir sem dó,
sem pudores,
ver tua carne avermelhar-se,
tuas caretas secretas,
gemidos,
sussurros,
sentir o aroma da tua pele, suada,
pernas trêmulas,
coração disparado...
Depois de longos êxtases apaixonados,
deixar o eu-lírico libidinoso
ser esporrado da alma,

possuída por Dionísio.

Mênfis Silva

terça-feira, 27 de maio de 2014

Enternecimento

Aquilo que me faz banhar os olhos,
cachoeira contínua, noturnal...
É a saudade que tenho por espólios
de um amor que se foi por bacanal.

Machucando demais meu coração,
senti-me solitário nesta pena,
sem ninguém, solitário... A escuridão
tomou-me pela mão e fez a cena.

A mensagem passada pelos olhos
a minh' alma sedenta mesmo conta:
ferrugens, frio, ferros e ferrolhos
e um dedo acusador que tanto aponta.

Poderia mostrar minhas virtudes
co' os joelhos no chão, ó minha vida!
Mas as tuas ações são muito rudes
e é a minh' alma que fica comovida.

Eu não sei como tiro esses abrolhos!...
O inefável, formosa é no invisível!
Como sei que tu és tão insensível...
Já sabes o que faz banhar meus olhos...

27/05/2014 00h34

domingo, 18 de maio de 2014

Infelizmente

Estou triste, infelizmente,
E não sei se vai passar;
É ruim estar pungente,
Sem ninguém pra me abraçar.

Muito revolto está o mar
Dentro do meu peito e mente;
Estou triste, infelizmente.
E não sei se vai passar.

Eu sou ímpar no ambiente
Que não é mais salutar,
Porque vivo só entre gente
E deixei de ser um par,
Estou triste, infelizmente.

08/05/2014 3h45

terça-feira, 29 de abril de 2014

Paciente


Vou esperar seu pensamento
a todo o dia, minha bella
com alegria e sentimento,
naqueles que a alma nossa gela.

Porque a minha alma tanto anela
volúpia sem ter julgamento;
vou esperar seu pensamento
a todo o dia, minha bella.

Vendo o relógio ou vendo o tempo,
mesmo espiando na janela,
sozinho, sem ter fingimento
e quando o vil mar se encapela,
vou esperar seu pensamento.

29/04/2014 21h54

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Se Eu For Morrer Saudade

Se eu for morrer de saudade
prefiro morrer sozinho,
assim dá luz de verdade
pra o meu escuro caminho.

Prefiro morrer sozinho
pensando... Sempre pensando...
Pra o meu escuro caminho
ter um luar claro e brando.

Pensando... Sempre pensando
pra ter sucesso na dor,
ter um luar claro e brando,
mesmo na ausência do amor.

Pra ter saudade na dor?
Uma lembrança feliz,
mesmo na ausência do amor,
mesmo vivendo num triz...

Uma lembrança feliz
sempre me traz claridade,
mesmo vivendo num triz...
Se eu for morrer de saudade!...

03/04/2014 13h01



domingo, 6 de abril de 2014

De Ébano

Assim me perco, minha negra Diva
Entre o desejo do meu pensamento;
Entre a fumaça de um prazer e vento;
Entre a paixão que o teu olhar se esquiva!...

Quanta lembrança no meu peito criva
Esta saudade, tão cruel tormento?
Sofrendo a esmo me perderei sem tento,
Todo o meu tempo na total deriva.

Aqui relembro dos teus lábios grossos,
O beijo quente, apaixonado e tanto
Que só fizeram tremer estes ossos!...

Teus olhos negros? Eu não vi um pranto!...
Mas vi futuro em meios aos meus destroços,
Por isso a louvo, lembro e, logo, canto!

01/04/2014 9h27

sexta-feira, 4 de abril de 2014

O Poeta Vive de Saudade

De lembranças o poeta vive apenas
Na fervente madrugada muito escura
Que lhe faz pensar pungente na ventura,
Que vivera co' amor e lindas cenas:

Sua musa com as falas mais serenas,
Afagando-o com paixão e com ternura,
Dando beijos, companhia co' a frescura
Das formosas, delicadas mãos morenas.

Caminhando nessa senda, solitário
Não reclama pra ninguém do seu calvário,
Como sofre a dor de parto, que é perene.

Mesmo triste vai lembrando seu pregresso:
Imagina que é vitória, que é sucesso...
A saudade ao nos dizer: - Não tem? Condene!

01/04/2014 23h56

sexta-feira, 21 de março de 2014

Utopia e Certeza

Convulsões fantasmagóricas,
ilusões de calmaria,
soluções ideológicas...
Tudo, mas tudo é utopia!

É uma utopia a tristeza,
felicidade, saudade,
o amor, paz, gentileza
nos confins da Imensidade.

Grande utopia é a lembrança!
O porvir, tão ilusório.
E por que tanta cobrança
na ilusão do purgatório?

É uma utopia a justiça,
certo e errado, meio-a-meio,
porque a lei é tão mestiça
tanto quanto o luar cheio.

Basta-nos uma certeza
como a incerteza perene,
como a negra Morte, deusa
vil que trabalha, solene.

20/03/2014 23h03

quinta-feira, 6 de março de 2014

Maria Bonita


Canfudós de Sergipe, 07 de março de 2014.

Olá, Maria Bonita¹. Tudo bom? Espero que melhor do que eu. Afinal, faz tempo... Muito tempo... Quanto tempo? Tempo pra quê? E o que importa o tempo? Quero fazer uma redundância: tanto faz o tempo junto ou o tempo separado, o tempo que se foi e o tempo que virá, porque todo o tempo parece ter conspirado para o meu pequeno espaço de tempo que tenho e que dizem que é a vida.


Porque eu fujo e me escondo, procuro não lembrar e faço coisas para que você não me venha à mente em forma de lembranças e sonhos, roubando a tranquilidade que não dura mais do que as horas tolas em que não estou cem por cento sóbrio; tento não escrever ou ler o que já escrevi pensando em você ou lhe tendo como cunho de fundo, papel principal nos meus filhos que gero todos os dias e que são esquecidos nas páginas da internet, rascunho do celular, folhas amareladas no bolso da mochila; mas não tem jeito! Não consigo me enganar.

Como poderei ludibriar meu coração, sendo que lá no cerne, ele diz com toda veemência e supremacia, apontando o dedo no meu focinho como se ele não tivesse culpa de todas as coisas pejorativas que me ajudou a fazer, sendo cúmplice ignorante do porvir - este presente infeliz: "- É o seu amor e pronto! Ainda a amo e não tem como você fugir disso". Não tem como!

E passam-se os minutos, as horas, os dias, semanas, meses e anos arrastados nesta mentira ilusória de superação da puta que o pariu e que os raios partam esta merda de coração - aí é uma loucura entre a insanidade e o senso psicológico e a palhaçada do riso maluco - "kkkkk" desenfreado, esnobador miserento de nós três- que falam tudo ao mesmo tempo. Tudo na tentativa de descodificar o sentido de: EU AINDA AMO A MINHA FAMÍLIA, MEU AMOR!


Que bonitinho, palerma! Espere mais um ano e a merda da lei do retorno ou "do que se queixa o homem" passará, segundo a ideologia ou crença humana. Ou, talvez, o talvez não exista assim como o ar. Então, para que esconder? Enquanto não passa a gente sofre. E seu eu for pensar melhor nesse tempo: todo o sofrimento não é merda nenhuma já que o nosso tempo é como faísca. A questão aqui é: há tempo para se acabar o amor ou ele não passa?

Volta, Maria Bonita ou me mata de uma vez!


Nota: Wikipedia.
Maria Bonita: Maria Gomes de Oliveira, vulgo Maria Bonita (Paulo Afonso,8 de março de 1911 — 28 de julho de 1938) companheira de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião e a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O Tempo e o Homem


É tenso quando a idade vem chegando;
quando a ruga ridícula aparece.
Vem uma, depois outra em quando e quando.
De repente se vê que se envelhece.

Pensar na experiência que enobrece
deixa o espírito humano um pouco brando.
É tenso quando a idade vem chegando;
quando a ruga ridícula aparece.

O tempo tudo, tudo vai levando...
A juventude, então, desaparece.
O corpo juvenil vai se encurvando
à ciência que o homem tanto engrandece;
é tenso quando a idade vem chegando.

06/2013

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Mariana

Ondes estás, ó Mariana?
Moça linda, refinada,
que faz falta em minha vida...
Ondes estás, ó Mariana?
Talvez perdida em absortos,
sonhando com a alegria,
deixando o tempo passar
em seu cantinho secreto,
ermo, junto à natureza;
talvez se encontre abatida,
porque o sonho não chegou;
talvez, num mundo quimérico:
imagina o teu Romeu,
Romeu que seja só teu,
um Romeu encantador...
Talvez a alegria cândida
a arrebatou em mil êxtases,
e agora esqueces de mim,
pois no topo não se sente a
necessidade de um bardo...
Ah, Mariana onde estás?
Volte logo o teu pensar,
o teu olhar que me encanta,
tua voz mimosa e doce
para mim, que almejo tanto,
porque esta saudade, bela
incomoda a minha alma
que esperneia só, frenética
e eu não sei o que fazer.
Ondes estás, ó Mariana?

16/02/2014 9h49