terça-feira, 25 de junho de 2013

Voluptuosa

Imaginei o sorvete
escorrendo por teus lábios,
tua língua te limpando
com um movimento brando
igual aos monges e sábios.

Fiquei aqui cogitando
no dedinho que te limpa.
Esse mesmo que me apontas,
indicando como afrontas,
fazendo bico supimpa.

Aí palavras aprontas:
"Por que tu me olhas, menino?
Não vês que foi um vacilo?"
Olhando o teu salto e estilo,
sinto-me tão pequenino.


Sinto-me menos que um quilo;
não sei o que digo ou faço:
se dou-te um riso contente,
disfarço a bronca entre gente
ou rogo-te um terno abraço.

Voei para outro ambiente
ao gesto teu, ó ditosa
deia que o sorvete chupa.
Pois sei que não tenho culpa,
por seres voluptuosa!

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Chuva de Sonho


A chuva que bate no teto;
o frio congela o meu pé...
Queria um pouquinho de afeto
aqui nesta triste maré.

Talvez meu desejo completo
diria de longe que "até".
A chuva que bate no teto;
o frio congela o meu pé...

O amor me faria repleto
sem ter nem sequer um sapé.
O abraço sincero e dileto,
faria-me quente, pois é...  
A chuva que bate no teto...

25/06/2013 00h35

quarta-feira, 19 de junho de 2013

De Verão ao Inverno

          Um dia eu acreditei no amor dela. Afinal, nós éramos novatos nessa história de amor. Ela era linda. A fotografia está lá no face ainda, para algum curioso que queira vê-la de biquíni preto, deitada na praia e a água levando seus lindos e longos cabelos castanhos cacheados. E eu vivia por ela. Ela mentiu tanto que eu me acostumei a ser dissimulado com o tempo, e o destino do nosso amor foi a perdição. Aí conheci outra pessoa...

          Putz! Quanto sofrimento que ela tinha em seu coração! Que menina triste e solitária! Eu, como um bom homem, fiquei ao lado dessa segunda pessoa. Dei-lhe um filho e felicidade; mas, ela olhando para o próprio umbigo, foi embora e realizou o próprio sonho; o mesmo sonho que me dizia, e eu não acreditava, nas madrugadas onde o mais importante era uma casinha no meio do nada com o seu filho (sem pai). Fiquei pungente demais quando ela se foi, mas a culpa não foi só dela. Porém mexeu com o meu encéfalo e alma, porque fui desdenhado no momento em que mais precisava da "minha amiga"; aquela minha amiga das madrugadas que se tornou minha mulher, companheira e mãe do meu filho. Depois de tempos sonhando na mesma cama (de casal), sonhando o mesmo sonho com a mesma pessoa, vivendo uma vida a dois é difícil se acostumar a uma cama de solteiro. O frio entrando pelas persianas; os gatos miando à noite se tornam mais sombrios do que as corujas; as noites parecem mais escuras do que realmente são quando se há o plenilúnio. O vazio parece um abismo sem fundo; o nada toma conta. Poxa! Descobrir que estou no meu quarto "viajando na maionese" sem ter a porcaria de um fumo na mente é mais que "dose"! É "treze" mesmo.

          Beleza... O tempo voa. Mas não quando estamos sofrendo! Não! Parece que o tempo é místico: ele anda conforme a própria vontade. Eu, o protagonista da história, vivia largado no colchão no meio da sala, já que meu segundo amor havia ido embora, assistindo a um monte de filmes, desenhos, animes e seriados; porque não queria viver a minha triste realidade mórbida. Cresceram-me acnes horríveis no peito, rosto e costas. Logo, eu que já tinha trintão estava virando adolescente novamente. Cada organismo responde de uma maneira. Eu não ficava chorando ou me isolando como um adolescente. Comunicava-me. Mas eu estava triste, muito triste. Daquelas...

"Tristezas sem causa forte,
Diversa de outras tristezas,
Nem da vida, nem da morte,
Geradas nas correntezas."
(Cruz e Sousa)

          Tipo uma tristeza absurda, que não me deixava observar as pessoas maravilhosas que apareciam no caminho e, logo se afastavam por causa da minha alma obstinada.

          Então, por sorte, apareceu-me uma terceira pessoa que me abraçou fortemente com tanta ternura, devolvendo-me o brilho no olhar e o antigo sorriso. Caracas! Eu estava feliz. O velho poeta retornava à vida e compunha poemas românticos, sonhava novamente e tinha os olhos cintilantes. Vejam só , meu amigos, como o destino é maluco: essa terceira pessoa me largou também, porque olhou mais para o próprio umbigo e não viu a minha luta para conseguir o seu perdão. 

          Porém, as pessoas nem sempre são erradas. Às vezes, as nossas atitudes contribuem para que elas errem conosco, mas a gente não gosta de admitir isso. E, quando erramos com elas, queremos ser perdoados. Que coisa... Se fosse mais fácil perdoar o mundo seria melhor. Como não alcancei o perdão de nenhum dos meus amores, talvez eles não me amassem tanto assim como diziam, quando estavam tendo orgasmo múltiplos, balbuciando louvores que incham a alma. Por isso o sofrimento pós-perda. A única coisa que me vem à mente é o refrão da canção do Lews que diz:

"Tamo lascado; tamo fast foodidos
Mesmo assim a gente ama muito tudo isso."

         Depois de tentar uma, duas, três vezes, porque não quis citar meu primeiro amor adolescente, por quem sofri por dois anos, diria que minha visão está me traindo, meu olfato está me enganando, meu coração está machucado por causa da minha alma desvairada e meu espírito vive me acusando, dizendo que sou o verdadeiro McDonald's.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Em Meio ao Dilúvio

Quando a vida se faz chata
eu começo a poetar
sobre o que me desacata;
sobre a lua, céu e mar.

Sobre o meu triste pensar;
sobre o lago ou uma cascata...
Quando a vida se faz chata
eu começo a poetar.

Mas, antes que a alma se abata,
por doer tanto este amar,
ficarei nesta fermata
do meu simples versejar,
quando a vida se faz chata.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

A Garçonete e o Poeta

O que digo de teus olhos,
diva com sorriso belo?
Juro mesmo que não sei!
O que sei é que os anelo.

São escuros, são formosos...
E o teu riso? Frenesi.
É por isso que me perco
pensando somente em ti.

Esse riso é inebriante
neste dia de tristeza...
Esse olhar tão cintilante,
é o farol de doce amante;
é o encanto de uma deusa...

Impacto, palma, alegria...
Eles trazem para mim.
Mesmo eu estando pungente,
dissimulado entre gente,
eles lembram galarim.

19/05/2013