quinta-feira, 26 de setembro de 2013

PANTUM

De vez em quando a poesia encanta,
mas no viver minha verdade é tensa.
Não tem sorriso que esta dor espanta!
Somente o feito do Senhor compensa.

Mas no viver minha verdade é tensa!
Quem ousaria me dizer perfeita?
Somente o feito do Senhor compensa;
e a natureza a minha vida enfeita.

Quem ousaria me dizer perfeita
a senda firme, sem farol sublime?
E a natureza a minha vida enfeita,
deixando tudo se tornar mais vime.

A senda firme, sem farol sublime
nos faz mais rudes no viver a fora,
deixando tudo se tornar mais vime,
na paciência que se ganha agora.

Nos faz mais rudes no viver a fora
as perdas mil e desapegos tantos,
na paciência que se ganha agora,
porque viramos quase monges santos.

As perdas mil e desapegos tantos
fazem com que fiquemos mais dotados,
porque viramos quase monges santos,
entendedores de milhões de estados.

Fazem com que fiquemos mais dotados
os tempos idos, pensamentos grandes,
entendedores de milhões de estados,
como se fossem os mais formosos Andes.

Os tempos idos, pensamentos grandes...
São monumentos do perfil da gente,
como se fossem os mais formosos Andes,
por isso penso em construir somente.

São monumentos do perfil da gente
toda a riqueza que é guardada e boa,
por isso penso em construir somente
o bom pensar e não jogá-lo à toa.

Toda a riqueza que é guardada e boa
é um passarinho que ninguém espanta;
(o bom pensar, e não jogá-lo à toa);
de vez em quando a poesia encanta.

26/09/2013 15h53

terça-feira, 24 de setembro de 2013

O Remédio

Preciso, então, da inspiração divina;
inspiração que sempre encanta a todos,
mesmo que seja a mais pungente sina,
o vil desterro, o mais feral dos lodos.

Quem sabe seja uma mulher bonita;
quem sabe seja a poetisa santa;
quem sabe seja uma deidade aflita,
dizendo a mim que a poesia encanta...

O que me importa, na madruga fria,
onde a geada me congela o peito,
é a inspiração que canta, chora e pia,
que busca o verso, o poetar perfeito!

Gemendo o vate, a degustar procura,
a inspiração que lhe encarcera a mente,
mesmo que seja a mais feroz tortura
clamando à diva que se foi contente.

Então, me sinto como um bardo insano,
tolo fantasma sem farol, sem chão,
sem poesia, sem fazer bom plano
quando se esconde a minha inspiração.

25/09/2013 00h59

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Meu Juramento

Eu lhe dou os meus desejos,
minha insônia, distração,
pensamentos, coração,
piração, os meus ensejos,
a paixão, fogosos beijos,
carinhos com caridade;
dou-lhe mais do que a metade
da minha alma sonhadora,
minha diva inspiradora;
juro mesmo que é verdade!

Dou-lhe a minha companhia,
meus olhares, meus abraços,
ternos, fortes feitos laços
e lhe dou minha alegria,
meus sorrisos todo o dia;
serei sua divindade,
dando-lhe mais liberdade
pra voar num mar de sonho.
Pra você é que eu componho;
juro mesmo que é verdade!

Dou-lhe a minha inspiração,
toda a minha sapiência;
o meu tempo em convivência,
todo o ar do meu pulmão;
faço igual fez o Sansão
na paixão sem equidade.
Espero que não se enfade
com todos os meus presentes,
sentimentos transparentes;
juro mesmo que é verdade!

Mas qual diva neste mundo
vive sem ter segurança?
Então, dou-lhe uma aliança,
sentimento tão profundo,
consistência num segundo,
mas pra toda a eternidade;
transparência, claridade
e lhe dou tudo de mim,
pois a quero até o meu fim;
juro mesmo que é verdade!

Porque o seu riso contente,
seu olhar todo brilhante
quero ver, ó doce amante!...
Vem pra mim, deixe que eu tente...
O que custa? Experimente
com toda a comodidade
receber minha metade
com muita satisfação.
É só seu meu coração;
juro mesmo que é verdade!

14/09/2013 3h49

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Sensato

Eu canto os momentos de dias felizes,
de dias tristonhos, sem força ou labor;
de dias funestos, sombrios, soturnos,
sem glórias, vitórias, histórias nos turnos
que contam contentes, conflitos do amor.

As mil cicatrizes, deslizes constantes
que muitos amantes se perdem sem fé;
mas canto a esperança da vida vivida
sem ter diamantes, amor da querida,
menina felina que punha de pé.

Eu sei que esta vida tem altos e baixos:
amores perdidos, e o medo acompanha.
Perdemos a fala, a viola não canta,
a janta é sem graça, sem doce de Fanta
e o canto sucumbe no pé da montanha.

Nos altos das serras se tem alegria;
os risos são ledos, feliz o cantar.
Mas toda a harmonia algum dia se finda.
Eu penso: quem canta é a coisinha mais linda,
equânime sábio tal qual sabiá.

Mas, todos os dias são dias de canto
e o equânime canta em qualquer turbilhão.
Sem Fanta, sem janta, sem graça, na praça,
sem tudo, veludo, sem nada ou desgraça
e abraça co' as pernas a bela canção!


06/09/2013 17h30