Canfudós de Sergipe, 07 de março de 2014.
Olá, Maria Bonita¹. Tudo bom? Espero que melhor do que eu. Afinal, faz tempo... Muito tempo... Quanto tempo? Tempo pra quê? E o que importa o tempo? Quero fazer uma redundância: tanto faz o tempo junto ou o tempo separado, o tempo que se foi e o tempo que virá, porque todo o tempo parece ter conspirado para o meu pequeno espaço de tempo que tenho e que dizem que é a vida.
Porque eu fujo e me escondo, procuro não lembrar e faço coisas para que você não me venha à mente em forma de lembranças e sonhos, roubando a tranquilidade que não dura mais do que as horas tolas em que não estou cem por cento sóbrio; tento não escrever ou ler o que já escrevi pensando em você ou lhe tendo como cunho de fundo, papel principal nos meus filhos que gero todos os dias e que são esquecidos nas páginas da internet, rascunho do celular, folhas amareladas no bolso da mochila; mas não tem jeito! Não consigo me enganar.
Como poderei ludibriar meu coração, sendo que lá no cerne, ele diz com toda veemência e supremacia, apontando o dedo no meu focinho como se ele não tivesse culpa de todas as coisas pejorativas que me ajudou a fazer, sendo cúmplice ignorante do porvir - este presente infeliz: "- É o seu amor e pronto! Ainda a amo e não tem como você fugir disso". Não tem como!
E passam-se os minutos, as horas, os dias, semanas, meses e anos arrastados nesta mentira ilusória de superação da puta que o pariu e que os raios partam esta merda de coração - aí é uma loucura entre a insanidade e o senso psicológico e a palhaçada do riso maluco - "kkkkk" desenfreado, esnobador miserento de nós três- que falam tudo ao mesmo tempo. Tudo na tentativa de descodificar o sentido de: EU AINDA AMO A MINHA FAMÍLIA, MEU AMOR!
Que bonitinho, palerma! Espere mais um ano e a merda da lei do retorno ou "do que se queixa o homem" passará, segundo a ideologia ou crença humana. Ou, talvez, o talvez não exista assim como o ar. Então, para que esconder? Enquanto não passa a gente sofre. E seu eu for pensar melhor nesse tempo: todo o sofrimento não é merda nenhuma já que o nosso tempo é como faísca. A questão aqui é: há tempo para se acabar o amor ou ele não passa?
Volta, Maria Bonita ou me mata de uma vez!
Nota: Wikipedia.
Maria Bonita: Maria Gomes de Oliveira, vulgo Maria Bonita (Paulo Afonso,8 de março de 1911 — 28 de julho de 1938) companheira de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião e a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros.