Eu já vaguei pela noite
Vendo as estrelas distantes,
Sonhando com meu amor
Que vivia noutra terra.
Batia aquela saudade,
Começo de enfermidade
E, sozinho pranteei,
Porque não era mais rei
E tinha perdido a guerra.
Eu sentia uma paz mórbida
Caminhando pela margem
De um rego fétido, imundo,
Mas eu via tantas flores.
Engolia a seco sempre,
Olhava para as estrelas,
Observando o Firmamento,
Ouvindo os grilos cantando,
Sentindo me apunhalando
Com uma lança, a Saudade.
Oh, que cena triste, triste!...
Perco-me nas reticências...
E, por que, meu coração
Trazes a dor para mim?
Aos passos lentos furtava
A alva arte da melodia
Que entrava nos meus ouvidos.
Periferia, pobreza,
Desemprego, desalento,
Desdém da dona fulana,
Que em barzinhos com amantes,
Sugando a alma dos coitados
Co'o mesmo truque barato
Que usara comigo um dia,
Nem se lembrou dos meus beijos...
Mas eu caminhava só.
Meu pensamento era um:
Ela e eu juntos pra sempre.
Tolo, tolo, tolo, tolo, tolo!...
Perco-me nas reticências!
Uma afirmação veraz
Que forçou-me a pensar tanto;
Pensamento que me fez
Embalsamar aquele homem
No pregresso mais remoto,
Escondido a sete chaves.
Esqueci de ser romântico.
Para que buquê de flores
Para a próxima vadia?
Por que vou acreditar
No rir cheio de ironia?
E por que vou me prender
Como fizera outro dia?
Para sofrer de agonia?
Sentir a dor da saudade?
Suspirar na solidão,
Eu, as estrelas e a lua?
Não! Não desta dor maldita!
Sentir os gozos de Empíreo,
Vê-la sorrir de contente,
Realizar fantasias,
Correr de noite na rua
Como dois adolescentes...
E vê-la dizer-me "adeus",
Como se eu fosse uma roupa
Suja ou que o tempo estragou.
Para que tudo isso agora?
Eu já vaguei pela noite.
29/12/2014 15h43