sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Dona Esperança


Todo o dia eu fito uns olhos
Que me levam à inspiração;
E eu contemplo essa menina
Com tamanha admiração.

Ela tem as mãos suaves...
Os seus lábios são delírios,
Como as garças revoando
E cantando sobre os lírios.

A cintura é de pilão,
O seu rosto angelical;
E eu me esqueço desta pena
Pra viver o surreal.

Pois procuro uma mulher
Doce, meiga, feminina,
Que me seja companheira
Sempre, quando o sol declina,

Quando o sol garboso surge,
Como quem não vai morrer;
Quando o inverno castigante
Entristece todo o ser;

Quando o mar está revolto
E a languidez  me esmorece;
Quando as sombras tomam conta
E a claridade fenece;

E quando as sombras fenecem
Ouço o ledo rouxinol
Anunciando, contente,
A manhã cheia de sol...

Não medito só no triste,
Solidão da minha andança,
Penso, também, na alegria,
Pois em mim mora a esperança.

Quem me vê centrado em mim
Nunca pôde imaginar
Os delírios da minha alma,
Quando se põe a sonhar

Em campos cheios de flores,
N' árvore altiva, deitados,
Os sorrisos mais contentes
De amantes apaixonados,

Os carinhos nas bochechas,
Nos lábios umedecidos,
No pé-da-nuca, sensível,
E os pensamentos vencidos

Pela delícia do gozo...
Desse carinho completo
Onde, deitado ao regaço,
Sinto-me amado e dileto.

Só com a ponta dos dedos
Tocando a face serena,
Vendo os olhinhos fechados
Da mais formosa pequena...

Não custa nada sonhar...
Tenho medo dos pronomes
Sendo em segunda pessoa,
Por isso trovo sem nomes.

26/12/2012 23h16

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Casados


         Nós nos conhecemos através do orkut. Ela também se chamava Mariana. O que tínhamos em comum? A poesia. Logo ela passou o msn, depois o telefone. Conversamos pelo orkut, depois pelo msn, depois telefone... 
Sigilo é tudo para quem tem compromisso extraconjugal. Nós tínhamos.
E, conversa vai e conversa vem, marcamos um encontro. Logo no primeiro encontro nos demos bem, porque os nossos assuntos batiam. Talvez fosse o fato de eu ser eclético ou o fato de gostar de conhecer pessoas assim iguais a mim. Talvez fosse a carência de ambos. Só sei que nos demos bem. Quis um beijo. Ora, ela era casada. Não importava como o casamento dela estava fluindo. O que importava era que ela era casada. O que um homem pode pensar de uma mulher comprometida que trai o marido? Ah, melhor não entrar nesses detalhes. Então, negou-me o beijo tão esperado, tão anelado. Atitude que só fez aumentar mais a curiosidade. Precisava descobrir, porem o “não” fora explícito, mesmo que o jeito denunciasse algum vestígio de desejo. Mas, fazer o quê? A minha percepção ela não conseguiu enganar. Pensei comigo "paciência". E foi o que fiz.
A semana passou voando. 
No segundo encontro rolou uns selinhos. Mas, ela se segurou como toda mulher que presa a honra, que presa o jogo da conquista.
Naquela semana o "eu" dela lhe dizia: sai fora; é roubada; esse cara é um tafulão e está acostumado com isso; você vai se apaixonar por ele e pode sofrer... Mas ela não deu ouvido.
No terceiro encontro os beijos foram mais intensos.  "Ele tem pegada". Foi o que ela pensou a semana toda. Na outra semana lá estava eu na Estação de Metrô do Ipiranga novamente. Boné, agasalho da Adidas. Um verdadeiro moleque, do jeito que ela queria, gostava e que sabia como conquistar uma mulher. Chegou com o Palio que o marido lhe dera. Vestia um short curto roxo, uma blusinha linda roxa, salto alto. Estava toda perfumada. E eu pensei comigo: tudo isso é para mim?
- Aonde você vai me levar hoje? Perguntei. 
Ela não disse. Deu-me um beijo ávido. Nossas línguas se entrelaçaram e sentimos o hálito um do outro.
- Para onde você queria ir desde o primeiro encontro? Ela me respondeu com uma pergunta, sabendo que eu entenderia o recado. 
Sorri por dentro. Todo aquele presente era para mim. 
Ela tocou rumo ao motel. Entramos. Fechamos a porta da alcova. A luz bruxuleante nos dava mais um quê de volúpia. 
Mariana me deitou no tálamo. Tirou minha camiseta e começou a dançar uma dança sensual. Só agora eu reparava o tamanho dos glúteos dela. Só agora eu reparava a maciez da pele alva, mesmo ela sendo mestiça de negro com branco. Só agora eu reparava que ela era bela. Tirou a blusinha e revelou o sutiã sex. A peça era linda com seus detalhes minuciosos.
Frenesi.
Mariana tirou o short suavemente e a peça íntima que se revelou era pequena assaz. Não aguentei. Segurei nas canelas grossas e quis subir minhas mãos para alcançar a pélvica, porem ela não me deixou concluir o meu intento. Então, desceu rebolando, rebolando sensualmente, enquanto tirava minha calça. O Sr. Bardo estava em riste há muito tempo. Parecia o Himalaia de tão firme. Ela tirou minha cueca e o membro saltitante pulou, enervado.
Oh! Desculpe-me, por favor, tamanha a minha ousadia. Não queria falar-lhe de meu membro desta maneira, caro leitor, mas é que o fato obriga.
Ela mexeu no prepúcio, a glande rósea se mostrou vivaz, cálida. E com a boca aveludada dela, Mariana o chuchou gostosamente. 
Eu não sou do tipo de homem que morre por causa disso. Não! Enquanto não satisfaço minha parceira não sossego. Era a nossa primeira vez. Eu não podia marcar bobeira. Tinha que impressioná-la de qualquer jeito. Sabia que ela era experiente, mas não imaginei que fosse tanto.
Mariana acariciou meu príapo como uma manola do cio. Então, joguei-a para o lado. Subi em cima e comecei a beijar-lhe a boca, depois os discos claros dos seios e fui descendo minha boca de lábios carnudos no abdome definido dela. Ela suspirava, sussurrava de prazer. Quando me aproximei da fenda, ela não aguentou.
- Ah, Mênfis! Chupa! Assim paixão. Assim. Por favor! 
Eu não poderia deixar uma senhora naquela situação de maneira alguma. Fiz questão de pôr minha língua serpenteante na vulva dela, no clitóris e, subia até a parte superior, onde ela desfalecia inefavelmente. Então, introduzi o Sr. Bardo nela e ela gemia alto. Como é bom ouvir o prazer da mulher que nos louva no momento do coito! Mulher fria logo perde o marido. Com ela era diferente: o marido que não a aguentava. Dir-se-ia que ele tinha ejaculação precoce. Na realidade não estive lá para comprovar tal fato, como me dissera certa feita. A verdade era que eu estava fazendo o meu papel.
Quando meu membro foi estocado até o talo, ela já não aguentava mais. Estava ensandecida pelo prazer, inebriada pelos movimentos e aromas. Parecia louca, porque aquilo que estava recebendo era o que ela procurava há muito tempo. 
- Me come de quatro. Ela me pediu. 
Cavalheiro do jeito que sou, concedi ao pedido sôfrego dela com compaixão e misericórdia, porque não gosto de ver mulher nenhuma necessitada me pedindo com tanta ênfase e jeito. 
- Isso! Soca gostoso paixão, soca. 
E eu punha com veemência o meu falo na cona dela, sentindo o útero batendo na glande tal era o desempenho do Sr. Bardo daquela noite. 
Depois de mais ou menos uma hora no coito e trocas mil de posições:
- Eu vou gozar paixão! Posso? Perguntei. 
- Tudo bem. Só não goza dentro. Tá?
- Você goza comigo, goza? Pedi.
-Gozo sim. Ela disse sussurrando. 
Então, estocando meu precioso na vulva dela comecei a estimular o clitóris ao mesmo tempo, para que o galarim chegasse mais rápido.
- Ahhhhhhhh! Gememos uníssonos.
Era o ápice. Gozamos.
Quando Mariana sentiu o líquido viscoso escorrendo de dentro para fora da fenda como se fosse mina de leite, disse com a alma lavada:
- Eu disse para você não gozar dentro, pô! Agora eu vou me apaixonar.
Depois daquele dia, ela nunca mais quis saber do marido dela. 
Por que gozei dentro? Porque sabia que o esperma tem uma substância que causa a felicidade na mulher e que ela sempre busca ter a mesma sensação como se fosse um vício.

11/10/2010

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O Orgasmo Supremo


           Talvez a mente dela estava muito aberta naquele dia, por imaginar o que viria à noite; talvez o desejo estivesse aflorando mais do que o normal, por causa do sentimento que tinha por mim. Sempre sonhou em ter paixão. Daquelas paixões avassaladoras... E, finalmente, depois de anos de amargura isso estava acontecendo. Seu desejo era enorme e, teimosa do jeito que era, faria de tudo para realizá-lo. Felizmente eu era o felizardo da vez e nem sabia.
            Enquanto subíamos a escadaria do motel eu via aquelas ancas enormes e as pernas grossas, brancas como a flor de lis, voluptuosas assaz. A cada passo os glúteos mexiam para lá e para cá, revelando a marca da pequena peça íntima que se tornava mais sensual em minha mente do que realmente era. O Salto alto definia mais ainda a sensualidade. Eu via a cinturinha de pilão, comparada ao quadril, era fenomenal. Seu perfume impregnava em minhas narinas e o aroma da alcova nos deixou em estado de frenesi, como se os deuses estivessem nos introduzindo a um clima que somente os apaixonados conseguem, por não terem se acostumado ao corpo alheio.
            Ali, começamos a nos beijar fervidamente. Ela estava de pomba gira e eu de falo enrijecido, o poderoso Dionísio. Era um clima que há muito não tínhamos. Esquecemos nossos cônjuges e nos concentramos nos beijos, que foram ávidos; nossas línguas serpenteavam no ardor da paixão e o desejo aumentava gradativamente. Nossos hálitos se misturando, nossas mãos frenéticas acariciando um o corpo do outro com precisão, chega a respiração descompassava cada vez mais...
            Ela sabia ser sensual. Virou-se. De costas para mim dançava uma dança de privê renomado, e os glúteos volumosos roçavam meu membro. Meus olhos fitavam o espelho a frente, enquanto, ela, com olhar sex, virava a cabeça para trás, deixando que os cabelos ralassem meu peito nu, lançava-me olhar de felina que dizia "hoje eu te quero tesudo". Olhava de soslaio e novamente me fitava no espelho, sabendo exatamente o que aquilo faria comigo. Gostava de se demonstrar quando estava no cio e me ver arredio como um tordilho indômito. E eu pirava naquele presente inefável de Afrodite.
            Meti a mão na pélvica e levantei o pequeno vestido rubro, onde vi a peça íntima da mesma cor, pequena, sensual, que até dava para ver a parte onde as carnes são divididas, róseas. Ela abaixava e subia rebolando no meu falo duro. Quando se virou não deu tempo para nada. Foi tudo muito rápido. Levantei o vestido, ela abaixou minhas calças, segurou o meu membro rígido e eu introduzi meus dois dedos na vulva úmida dela. Escutei um ahhhh de prazer, pois minha boca suspirou e eu senti seu hálito divino mais uma vez. Joguei-a na cama, abaixei o decote e os seios macios pularam para fora, mostrando os bicos claros; segurei-os com força tamanha e eles sobraram em minhas mãos, de fartos que eram; tirei a peça íntima e escanchei a carne, onde a fenda se abriu, aromática como Vênus. Beijei e mordisquei de leve lindos os mamilos e eles ficaram enrugadinhos. Desci mais e mais alcançando a fenda e a chupei ternamente por um bom tempo, enquanto ela me enforcava com as pernas grossas, como que se não estivesse aguentando tanto prazer.
            Quando eu não estava mais suportando vê-la naquele estado de frenesi descontrolado, introduzi o meu membro com sofreguidão nela e ele deslizou para dentro da vulva com uma facilidade incrível, tal era a umidade cálida que a vagina possuía no momento. Entrei e saí com força. Ora roçava a glande nos grandes e pequenos lábios, que agora estavam vermelhos, masturbando-a; ora introduzia até o talo para que sentisse os meus púbis raspando a porta da caverna, enquanto ela parecia um frango de pernas abertas. Os meus púbis roçavam mais seu clitóris quando eu esfregava com o pênis todo dentro da cona, dando-lhe um prazer indescritível. Minha língua percorria o pescoço, uma mão segurava em um dos seios e a outra vinha por trás, segurando as nádegas, apalpando, apalpando até encontrar a fenda. Um dedo entrou com príapo e tudo, depois ele começou acariciar o clitóris com a delicadeza que as estocadas não tinham. E ela, apaixonada, louca de prazer exclamava:
            - Ahhhhh! Ai amor! Ai amor!... Fode!... Fode com essa rola gostosa a sua boceta. Arromba, amor! Gostoso! Me dá mais desse pau, por favor. Eu te amo!
            Cavalheiro do jeito que sou, ouvindo seu pedido frenético, obedeci com sofreguidão de cavalheirismo.
            De repente, senti molhar mais do que o normal. Minha mão estava empapando, empapando mais e mais. Não sabia o que era. Só sabia que era gostoso. Meu precioso deslizava com uma facilidade nunca sentida antes. Introduzi um, dois, três dedos juntamente com o meu membro, enquanto ela bramava de prazer, contorcendo-se para trás, arranhando ora as minhas costas ora os lençóis. Estávamos ensandecidos de prazer. Toquei o colchão e ele também estava ficando em sopa. Assustado, porque nunca havia acontecido aquilo comigo, tirei meu membro de súbito, vi-o molhado e perguntei:
            - Que porra é essa? - Porque percebi que havia uma possa redonda no colchão. - Você está mijando? - Perguntei.
            Ela estava sem o controle da fala,do próprio corpo, as pernas tinham pendido, a exaustão estava visível e ela não parecia mais o franguinho de pernas abertas tão gostosinho que tinha me levado às nuvens, pois procurava uma posição que desse mais conforto para seu cansaço.
            - Gozei, amor. - Conseguiu dizer, finalmente.
            - Você gozou? - Perguntei incrédulo.
            Ela se limitou em me dizer "unhum". Não disse nada e nem quis estragar o clima em que estávamos, mas em meu íntimo havia uma incredulidade maior do que a de São Tomé. Tanto que fui embora pensando que ela tivesse urinado, mas, depois de um ano de separação, ela afirmou que naquele dia realmente teve um orgasmo, que tinha conversado com o seu ginecologista a respeito e ele dissera que fora o ápice do prazer, que não havia métodos específicos para que aquilo acontecesse. Depois me disse que foi o melhor orgasmo que teve em sua vida e não iria esquecer de mim nunca mais. Agora quem sou eu para duvidar, sendo que não havia motivos para mentir nessa altura do campeonato?

Mênfis Silva

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Peia de Improviso


Eu vou falar, vou falar
u'a verdade que se espelha:
escuta quem tem orelha,
o bonito sabe amar.

Tu és mesmo um cabra forte?
Venha, então, rimar comigo,
que eu serei o teu castigo,
teu lombinho eu vou torar.

Na peleja és inimigo,
ó gordinho pra chuchu,
feio igual a um brucutu,
tô aqui pra elogiar:

Com a roupa és urubu,
sem a roupa, lagartixa,
teu cabelo é de uma bicha
que eu vi lá no Ceará.

Vou rancar tua barbicha
com a minha cantoria,
pobre de sabedoria,
tô aqui pra infernizar!

Tu pediste uma poesia,
mas a minha sai da venta
mesmo assim tu não me enfrentas,
pois tens medo de apanhar.

Sô preguiça que arrebenta
tua prega, inteligência,
que não passa de demência,
então, para de chorar.

Pode me pedir clemência,
implorando o meu perdão,
que eu só quero o teu botão;
em teu lombo eu vou montar.

Descendente de Sansão,
rimo igual ao Patativa,
minha rima é muito viva,
canto mais que o sabiá.

Não precisas de Activa,
bicho besta eu tô cantando,
tu estás, pois, te borrando
e tu mesmo vais limpar.

Achas que eu serei um brando?
Eu tenho uma discoteca
que é bem mais que a biblioteca
que tu tentas decorar.

Leia toda a biblioteca,
penses a noite inteirinha
para compor uma linha
e tentar me derrotar.

Que eu não falo na entrelinha:
tu pra mim és um demente,
o cabra que é inteligente
nunca quis, pois, se matar.

O cabra que é inteligente
sabe xavecar mulé,
vai de frente e não de ré,
no viver sabe gozar;

mesmo vivendo em sapé
sabe por que quer viver,
é flexível pra aprender
e não tem medo de errar;

pranteia sem se esconder,
admite o seu pecado,
não precisa de um bocado
de livros para ajudar.

Teoria, ó meu chegado
eu conheço muitas delas
boas pra tuas mazelas,
que não sabes controlar.

Então, não sejas gazela
que o meu canto é para todos,
lute aqui ou tenhas modos
e pare de gaguejar.

Eu vou falar, vou falar
u'a verdade que se espelha:
escuta quem tem orelha,
o bonito sabe amar.Eu vou falar, vou falar...

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Trovas de Saudade 1


Trovas inspiradas na linda trova de Dáguima Verônica:

"Saudade barco vazio,
abrigo sem proteção,
esquenta fazendo frio,
é presença sem visão."


I

A saudade é égua arredia
galopando a mesma história,
seja triste ou de alegria,
tão viva em nossa memória.

09/10/2012 00h22

II

A saudade aperta o peito
para nos lembrar que um dia
tudo fora tão perfeito
e que reinara a alegria.

09/10/2012 1h05

III

A saudade é coisa boa,
o bardo nela se inspira;
é um vento que vem à toa
e em nossa vida é uma lira.

09/10/2012 1h13

IV

É um torvelinho feroz
e que o pensamento invade,
dizendo-nos sem ter voz:
- Eu sou a dor da saudade.

09/10/2012 8h20

V

O tempo nos distancia,
a distância nos afasta
e eu, morrendo a cada dia,
rogo à saudade que, basta.

09/10/2012 12h20


INTERAÇÕES de:

 
Jajá de Guaraciaba:

I

OH, DOCE DOR DA LEMBRANÇA
DO PASSADO TENHO AGORA
SÃO IMAGENS DE CRIANÇA
QUE DENTRO DO PEITO, CHORA!

II

A SAUDADE NÃO TEM FORMA
NÃO TEM CHEIRO, NÃO TEM COR
NO ENTANTO ELA QUE TRANSFORMA
A FELICIDADE EM DOR.


domingo, 21 de outubro de 2012

Lira Ardente


A lira ardente do poeta triste,
que anela tanto o fervilhar de amor,
promove à diva o senhoril em riste
até a alvorada com feral calor.

A deia sente a proteção sem dor;
cobrindo o corpo, o coração resiste
a lira ardente do poeta triste,
que anela tanto o fervilhar de amor.

Por que o poeta a conquistar persiste
a diva fria que não lhe é fautor?
Tal passarinho que ao bicar o alpiste
se sente alegre ao demonstrar o amor;
a lira ardente do poeta triste...

11/09/2012 4h05

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Eu Canto a Saudade


É a saudade que aperta o meu peito,
que me oprime, tritura, molesta...
Para mim faz careta de festa
e, zombando, me faz mais pungente.
Sentimento que, deixa-me mórbido,
sem quimera de ser tão feliz,
a Deidade que beija e bendiz
o poeta que sente, que sente...

Ela enfia em meu peito uma estaca
arrancando qualquer alegria;
do sorriso – uns encantos, magia...
Que, faziam-me ter muito amigo.
Hoje o pranto me sai facilmente...
Os meus versos tristonhos, sofridos
fazem todos chegados queridos
mais distantes; não choram comigo.

Eu me lembro de ti, meu amigo!...
Os sorrisos que juntos nós demos,
as piadas e peças – fizemos
a lembrar do menino Jesus;
e de quando saíamos juntos
para o mato e na bica de água...
Não havia o doer desta mágoa,
a ferida plangente e com pus.

Eu me lembro dos dias passados
e dos jogos que nós dois jogamos,
logorreias que tanto falamos,
mas que muito fizeram de nós
os mancebos mais ledos do mundo
alegrando qualquer companheiro.
Eu me lembro de tudo, parceiro
que até chega embargar minha voz!

Eu me lembro de ti, minha amiga!
Tão leal e fiel confidente,
que em momento tristonho ou contente,
abraçava-me e ria pra mim.
Quantos dias passaram, amiga
que a distância e o maldito destino
Separou-nos?... E agora o meu hino
é lembrar-me com pranto carmim.

Eu me lembro de ti, meu amor!...
Teu carinho – que doce! – atenção:
e ficava alisando co' a mão
o meu rosto no claro luar.
E, beijando-me com a ternura
no pedaço de um tronco deitado,
onde eu fui um herói coroado,
na ventura de teu doce amar;

quando a noite pesada de inverno
nos fazia brotar mil lamentos,
revelando-nos os sentimentos
que nós nunca tivemos na vida;
onde víamos tudo com brio:
os canteiros, nos campos – as flores;
as estrelas; dos corpos – odores
que a paixão sugeriu-nos, querida;

quando em ti eu afogava o meu pranto;
quando tu me entendias, querida
suportando uma dor tão sofrida:
e também o meu ombro era teu...
Quando o sol se inclinava distante
e no tálamo férvido nós
sussurrávamos quase sem voz:
– Nosso amor é tão lindo... Oh! Meu Deus! 

Dou adeus para ti, meu amor;
dou adeus aos passeios contentes,
às histórias felizes e gentes;
dou adeus para sempre equidade.
Mas que saibam amores da vida,
meus amigos gentis, minha amiga:
que o presente que tanto castiga
é a deidade chamada: Saudade.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

No Galopar da Saudade



Quem canta a saudade só pode ser crente,
um tanto lunático, em sua memória,
lembrando de tempos felizes, com glória...
Talvez para ter a sua alma pungente;
porque quem se lembra do tempo contente
deseja, na dor, que ele possa voltar;
e como o presente não é salutar,
por dentro se tem escondido o seu pranto
guardado, velado, coberto com manto,
nos dez de galope na beira do mar.

E como? - Pergunto, pois bem no momento
que a sua lembrança se torna Rainha,
mostrando a minúcia em cada uma entrelinha,
então, se deseja que volte o bom tempo
de risos felizes, real sentimento...
- Pergunto, pois, como se pode aguentar?
Que o tempo não volta a não ser ao lembrar;
por isso se chora com tal desespero,
carente e soturno, pois não é ligeiro,
nos dez de galope na beira do mar.

E, quando se vem na memória o bom tempo,
se torna em Princesa a feral Agonia,
levando pra sempre a candura, a alegria,
trazendo de volta os cruéis sentimentos:
tristeza, lamúria - o pior dos lamentos
que a gente não sabe sequer explicar.
Qualquer melodia que venha escutar
lhe dá por sentença o farol de um bom sonho
e logo em seguida um pungir tão medonho,
nos dez de galope na beira do mar.

Saudade se tem de um alguém que partiu
e dói e corrói... Fica a grande ferida;
porque nos machuca a cruel despedida
e a lágrima triste transborda igual rio.
É muito difícil! Diria: sombrio...
Pois todos nós vamos por isso passar!
E nesse momento com quem se apegar?
Amigo, parente, folhinha de arruda...?
Só temos a Deus e o Papai nos ajuda,
nos dez de galope na beira do mar.

Tem gente que zomba da sua ferida,
dizendo: - Você tem que olhar para a frente,
deixar o passado esquecido na mente
e toda a lembrança, por si já vivida.
Quem dera se tudo passasse na vida,
ficasse esquecido e sepulto no mar!...
Que as suas lembranças ficassem no ar!
Jamais se teria algum medo do amor;
de ter paciência e sofrer grande dor,
nos dez de galope na beira do mar.

Se tu meu amigo também tens saudade...
Ficando abatido não tenhas vergonha:
tu és o albatroz que está vivo e que sonha,
que guarda no peito a maior caridade.
Mereces aplausos, louvores de Jade,
porque teu afeto é fanal salutar.
Se um dia tiveres por que prantear
deleita-te, amigo, da boa lembrança:
és sábio, sensível tal qual é a criança,
nos dez de galope na beira do mar.

20/09/2012 5h37

domingo, 16 de setembro de 2012

Pé-de-Moça

Se todos os pés das moças
Fossem iguais a este pé-de-moça...

Eu perderia o prumo,
Gotejaria amor desvairado,
Viveria apaixonado
Por todas as moças do mundo,
Olharia para o chão
Igualmente a um cão
farejando os pés das moças:

Doces,
Lindos,
Saborosos
Como este pé-de-moça.

14//09/2012 3h37

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Soneto do Desesperado


Bramando no silêncio da madruga
eu pranteio sozinho a solidão,
esperneia a minha alma de aflição
e o coração implora que quer fuga.

Incomplacente, nasce muita ruga
e muitas cãs em plena escuridão,
onde meus pensamentos vêm e vão,
procurando fugir de quem me suga.

A Ansiedade insana é a grande mestra
que se intitula a dona desta orquestra
que só toca a tristonha sinfonia.

E eu me embalo no cântico da morte
que não tem caridade e nem suporte,
nem sequer o raiar de um novo dia.


07/09/2012 5h47

domingo, 2 de setembro de 2012

Rogo




A minha alma se apresenta para ti
com carinho afetuoso e sentimento
desejando, co' esperança em todo o tempo,
a ternura que ilumina a minha vida.

A minha alma te deseja sempre aqui
afagando em pleno gozo ou no lamento,
quando a lua brilha assaz no firmamento,
anelando que não haja despedida.

Em silêncio, ela vigora um brado forte:
Não se vá minha querida para o norte,
para o sul ou qualquer canto que tu fores!

Pois sem ti não tenho mais a vida plena!
Morrerei de uma pungência nada amena,
pranteando para sempre os teus amores.

02/09/2012 13h53

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Silêncio das Almas


        Sabe, para mim foi muito difícil ver Caio sofrendo daquele jeito. Amigo não é coisa e nem algo que se pode encontrar de uma hora para outra. É mais fácil encontrar uma pepita no rio do que um amigo em seu próprio bairro.

O Caio é desse tipo de pessoa silenciosa que não revela seus verdadeiros pensamentos. Diria que ele é um sabonete porque sempre escorrega entre os dedos. Naquele dia eu havia ido com ele a um lugar que prefiro não dizer. Íamos conversando no silêncio de nossos pensamentos. Sabe aquele tipo de conversa infinita, aonde não se chega a nenhum lugar e nenhuma conclusão? Este foi o resultado:

Eu o via olhando desconsolado para as concessionárias de automóveis, reparei bem que ele preferia motocicletas. Talvez fosse a vontade de sumir do mapa de vez, ou quem sabe o sonho que muitos jovens têm de sentir a adrenalina do vento batendo no rosto a alta velocidade, com seu amor segurando em sua cintura, encostando os seios firmes pela idade às costas, ouvindo aquele sonzinho de voz soprano desesperado, enquanto curte o momento. Certamente que ele me contou o que olhara e o que imaginara: via-se só numa motocicleta potente em alta-velocidade numa estrada reta, deserto de um lado e deserto do outro, a solidão consumindo seu coração.

Foi quando observei que ele abaixou a cabeça, os cotovelos perto dos joelhos, cada mão tampando um lado do rosto num gesto de proteção, porque ele odeia pedir ajuda para as pessoas e muito menos ficar contando o que sente. Aquilo, para mim, já revelava muito. Eu pude sentir sua dor. Caio estava sôfrego. Quantas coisas ele havia perdido em pouco tempo? Talvez a única coisa de valor financeiro que perdera fora o emprego, mas as coisas de valor sentimental foram muitas.

Engraçado. Na véspera, Caio sorrira como criança, beijara uma moça que o ama, fora acariciado por ela... Em momentos difíceis sempre é bom ter alguém para nos apoiar e aquela moça fizera isso por ele. Mas, vendo-o como via podia sentir o que ele sentia, então, naquele silêncio absoluto dizíamos:

- Eu não queria estar com ela. Caio me disse.

- E por que ficou? Perguntei.

- Naquele momento a minha carência falou tão forte e meu corpo se mexeu sozinho, enquanto meus pensamentos estavam na Menina (é como ele chama seu verdadeiro amor). Eu fechei os olhos e sonhei com ela. Quando acordei vi que era outra pessoa que estava comigo. Doeu, doeu, doeu e ainda está doendo.

- Mas como você consegue fazer isso?

- Isso o quê? Ele quis saber, porque não entendeu a pergunta.

- Ficar com uma pessoa pensando em outra.

- Não fiquei com uma pessoa qualquer. Fiquei com a Menina.

Aí eu já não conseguia mais entender nada naquele momento. Contudo, depois de dias pensando no ocorrido tenho lá minhas conclusões. Acredito que a resposta dele para esta pergunta seria: era só um corpo que estava à minha frente, mas o que estava em meu coração era meu amor, então, nem senti o corpo que estava diante de mim.

Quando chegou à sua casa, ele preparou comida para nós: arroz, feijão, bife, ovos com cebola e Coca-Cola. Caio tinha, depois que a Menina, uma grande pessoa, amiga minha também, seu amor, fora embora, um lugar na casa para comer. Era o quarto. Sentava-se na cama de solteiro, onde muitas vezes eles dois fizeram amor na volúpia inflamada da paixão, virado de frente para a parede de cor salmom, colocava o copo no chão, com uma mão segurava o talher e com a outra o prato com comida. Os olhos embasaram instantaneamente, os lábios ficaram trêmulos e as lágrimas caíram fartamente na comida, por causa do desespero que invadia sua alma contrita. Caio pranteava por seu amor, vivenciando momentos felizes que passara junto com ela. Ali seu amor não veria seu pranto e não ficaria preocupada, coisa que ele não queria de jeito nenhum.

Notei que essas cenas tristes se repetiam em certas datas de cada mês. Sempre aqueles dois dias seriam os mais pungentes para ele: dia seis e dia sete de cada mês. Dia seis fora o dia do rompimento com Menina; dia sete fora o dia que eles começaram a construir o que fora derrubado; em um dos dois dias, Caio perdera uma porção de coisas e as lembranças vinham à mente como as ondas contínuas no mar.  

Ver aquela cena de um almoço plangente e solitário me comoveu demais. Aquilo doeu em meu coração como se fosse eu o lázaro. Então, fiquei com ele, chorando no silêncio secreto da solidão de ambos, tentando imaginar como seria o jantar.


09/05/2011

Deus da Fantasia


“Vou levando na medida do possível...”
É o discurso mais plausível, contundente...
Todo mundo diz saber e diz que sente
Este pranto tão silente e desprezível.

Eu pensei em ter um bem indivisível,
Mas foi tudo uma ilusão de minha mente,
Pois sofri a dor das dores, simplesmente,
Por não ter o teu perdão ser insensível.

Quando vejo alguém caído e moribundo,
Não querendo mais o pranto rubicundo
Me derreto por vontade e me comovo.

É que odeio o lacrimar soturno e grave!
Então, pego-me voando numa nave
Que me leve para o lar de um mundo novo.

21/10/2010 16h20

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Cativa

Quando busco a paixão adormecida
no prefácio do quente casamento,
sinto o fogo do puro sentimento,
como a paz e a esperança nesta vida.

Hoje sofro demais, e, contraída,
aprisiono o desejo do momento,
quando busco a paixão adormecida,
no prefácio do quente casamento.

Embalsamo a memória já vivida
no cenário que deu contentamento.
É a minh' alma ansiosa e reprimida
que deseja voar em todo o tempo,
quando busco a paixão adormecida.

21/08/2012 3h39