Quem sabe um irmão de outra era,
ébrio em uma noite escura,
imaginando a quimera
da mais cândida ventura.
Quem sabe um tronco no mato,
estrelas, noite e lua
em um lugar tão pacato;
uma paixão seminua...
Quem sabe o complexo ardente,
ginásio vazio à noite,
vate chorando pungente
e sem um ombro que o acoite.
Lacerações tão profundas,
mágoas escorrendo em rios,
todas elas, oriundas
de sentimentos sombrios.
Quem sabe o olhar cauteloso
que diz lá no fundo amar,
num gesto insano e maldoso
de quem sabe se vingar.
Quem sabe o cachorro estúpido;
quem sabe alguém coerente,
por ser equânime e cúpido,
tenha a atitude decente.
Quem sabe a profundidade
seja complexa demais,
obstruindo a claridade,
trovada longe da paz
para quem acha bonitas
as trovas de um tolo vate
ébrio, porém sem biritas,
vivendo um plangente abate.
Talvez seja em outra esfera
o cão não olhe maldoso;
o tronco, a dama, quimera...
Tudo seja paz e gozo.
20/08/2013 15h50
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