segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

FLORES

Onde de estás, ó flor aberta,

Rósea, de ideal olor?

Por acaso estás desperta

A desejar um amor?


Flor, que eu fico meditando,

Enquanto escorres teu líquido,

Ora muito, e quando em quando,

Um mais fino, porém lívido.


Que primor trazes à fenda

Que não sabemos — pimenta?

Ou nos seria uma prenda

Gotejante e suculenta?!


Ao beijar teu lábio quente

E vê-la estremecer ávida,

Desejando que a serpente

Adentre sôfrega e cálida...


Oh, flor que nunca plantei,

Mas que brotou tão singela,

De repente fez-me rei,

Na balbúrdia da aquarela.


Faminta pelo inefável,

Indelével oceano

Que vaga tão maleável,

Para seguir o teu plano!


E no fundo tens calor,

O aconchego do valente,

Teus afagos com fervor

A amansar o ser potente.


Formas róseas, saborosas,

De prazer sublime e edênico,

Nas volúpias mais gostosas

E no gemido mais cênico.


Constelações em que mil luzes

São acesas num só átimo,

Desconfigurando cruzes,

Pesadas como pão ázimo.


Assim sonham dorminhocos 

Com o pecado inaudito,

Com as flores do Marrocos

E país que virou mito.


Rechonchudas de capo

E até mesmo as linguarudas,

Revelam o seu shampoo,

Como se fossem miúdas.


És a deusa do delírio 

E de todo encantamento,

Porque levas ao empíreo

E também ao sofrimento!


Mênfis Silva

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