quarta-feira, 19 de junho de 2013

De Verão ao Inverno

          Um dia eu acreditei no amor dela. Afinal, nós éramos novatos nessa história de amor. Ela era linda. A fotografia está lá no face ainda, para algum curioso que queira vê-la de biquíni preto, deitada na praia e a água levando seus lindos e longos cabelos castanhos cacheados. E eu vivia por ela. Ela mentiu tanto que eu me acostumei a ser dissimulado com o tempo, e o destino do nosso amor foi a perdição. Aí conheci outra pessoa...

          Putz! Quanto sofrimento que ela tinha em seu coração! Que menina triste e solitária! Eu, como um bom homem, fiquei ao lado dessa segunda pessoa. Dei-lhe um filho e felicidade; mas, ela olhando para o próprio umbigo, foi embora e realizou o próprio sonho; o mesmo sonho que me dizia, e eu não acreditava, nas madrugadas onde o mais importante era uma casinha no meio do nada com o seu filho (sem pai). Fiquei pungente demais quando ela se foi, mas a culpa não foi só dela. Porém mexeu com o meu encéfalo e alma, porque fui desdenhado no momento em que mais precisava da "minha amiga"; aquela minha amiga das madrugadas que se tornou minha mulher, companheira e mãe do meu filho. Depois de tempos sonhando na mesma cama (de casal), sonhando o mesmo sonho com a mesma pessoa, vivendo uma vida a dois é difícil se acostumar a uma cama de solteiro. O frio entrando pelas persianas; os gatos miando à noite se tornam mais sombrios do que as corujas; as noites parecem mais escuras do que realmente são quando se há o plenilúnio. O vazio parece um abismo sem fundo; o nada toma conta. Poxa! Descobrir que estou no meu quarto "viajando na maionese" sem ter a porcaria de um fumo na mente é mais que "dose"! É "treze" mesmo.

          Beleza... O tempo voa. Mas não quando estamos sofrendo! Não! Parece que o tempo é místico: ele anda conforme a própria vontade. Eu, o protagonista da história, vivia largado no colchão no meio da sala, já que meu segundo amor havia ido embora, assistindo a um monte de filmes, desenhos, animes e seriados; porque não queria viver a minha triste realidade mórbida. Cresceram-me acnes horríveis no peito, rosto e costas. Logo, eu que já tinha trintão estava virando adolescente novamente. Cada organismo responde de uma maneira. Eu não ficava chorando ou me isolando como um adolescente. Comunicava-me. Mas eu estava triste, muito triste. Daquelas...

"Tristezas sem causa forte,
Diversa de outras tristezas,
Nem da vida, nem da morte,
Geradas nas correntezas."
(Cruz e Sousa)

          Tipo uma tristeza absurda, que não me deixava observar as pessoas maravilhosas que apareciam no caminho e, logo se afastavam por causa da minha alma obstinada.

          Então, por sorte, apareceu-me uma terceira pessoa que me abraçou fortemente com tanta ternura, devolvendo-me o brilho no olhar e o antigo sorriso. Caracas! Eu estava feliz. O velho poeta retornava à vida e compunha poemas românticos, sonhava novamente e tinha os olhos cintilantes. Vejam só , meu amigos, como o destino é maluco: essa terceira pessoa me largou também, porque olhou mais para o próprio umbigo e não viu a minha luta para conseguir o seu perdão. 

          Porém, as pessoas nem sempre são erradas. Às vezes, as nossas atitudes contribuem para que elas errem conosco, mas a gente não gosta de admitir isso. E, quando erramos com elas, queremos ser perdoados. Que coisa... Se fosse mais fácil perdoar o mundo seria melhor. Como não alcancei o perdão de nenhum dos meus amores, talvez eles não me amassem tanto assim como diziam, quando estavam tendo orgasmo múltiplos, balbuciando louvores que incham a alma. Por isso o sofrimento pós-perda. A única coisa que me vem à mente é o refrão da canção do Lews que diz:

"Tamo lascado; tamo fast foodidos
Mesmo assim a gente ama muito tudo isso."

         Depois de tentar uma, duas, três vezes, porque não quis citar meu primeiro amor adolescente, por quem sofri por dois anos, diria que minha visão está me traindo, meu olfato está me enganando, meu coração está machucado por causa da minha alma desvairada e meu espírito vive me acusando, dizendo que sou o verdadeiro McDonald's.

6 comentários:

  1. É, meu amigo poeta, a essas noites escuras nós chamamos de "escola da vida". Não há outra saída. Não tem como ser lapidado sem passar pelo fogo.
    Faz parte...Um dia a gente fica puto da vida porque sofremos por picuinhas tão pequenas, porque sofrimento mesmo a gente só conhece quando os filhos crescem...risos...Abraços fraternos.

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  2. Ola, meu senhor! ;)
    Na verdade eu ri com sua crônica...
    Mas eu curti! Curioso.
    Mta melancolia por causa de outro ser humano...
    Homo Sapiens...

    :* Milla






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  3. Ola Cairo, até que enfim consegui ler essa sua crônica, que é por sinal, muito bonita, você fala com uma incrível clareza, dos seus sentimentos, dos fatos vividos nesses últimos anos... Eu confesso que fiquei imaginando cada semblante seu, redigindo cada palavras, quanta emoção e quanta resilincia. Gostei muito amigo. Paz e luz no seu coração. abraços Preta.

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  4. Eh... tudo isso percebo q de fato, esses 'amores' estavam perto de ti apenas para serem felizes e nao para te fazer feliz!
    Voce se entregou e simplesmente viveu!!! Parabens!!! Seu texto e lindo de mais...
    Aq qm fala e a pessoa q vc sempre pode contar viu??!!
    Monica Castro. Beijos...
    Nao desista de ser feliz!!!!


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  5. Tenho quase certeza que li este aqui... Gostei

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  6. Gostei bem original pena que seus amores não pensaram em vc so no seu próprio umbigo .mais a Vida é assim cheia de altos e baixo boa sorte poeta .

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