Imaginei o sorvete
escorrendo por teus lábios,
tua língua te limpando
com um movimento brando
igual aos monges e sábios.
Fiquei aqui cogitando
no dedinho que te limpa.
Esse mesmo que me apontas,
indicando como afrontas,
fazendo bico supimpa.
Aí palavras aprontas:
"Por que tu me olhas, menino?
Não vês que foi um vacilo?"
Olhando o teu salto e estilo,
sinto-me tão pequenino.
Sinto-me menos que um quilo;
não sei o que digo ou faço:
se dou-te um riso contente,
disfarço a bronca entre gente
ou rogo-te um terno abraço.
Voei para outro ambiente
ao gesto teu, ó ditosa
deia que o sorvete chupa.
Pois sei que não tenho culpa,
por seres voluptuosa!
Nenhum comentário:
Postar um comentário