domingo, 6 de maio de 2012

Desafio em Galope: Cairo x Nilson

Aqui o Nilson e eu somente estávamos brincando numa comunidade do Orkut que se chama Trovart:

Cairo - Que todos cantores aqui da Trovart
apertem seus cintos,vou dar espanada!
Pois sou valentão, com canhão, com espada,
com foice, machado, bereta... é minha arte,
se melem, se borrem, liguei meu start,
rebecas, violas não vão aguentar
os versos fuleiros do meu poetar,
mulher valentona, qualquer cabra macho
vocês vão ficar lá no inferno ou pra baixo
nos dez de galope na beira do mar.


Nilson - O Cairo na área querendo pancada?
Pois já bati tanto que doeu meu braço
já dei-lhe uma tunda, aprontei um regaço
que o pobre coitado não sabe é de nada
é bobo o menino, criança mimada
que finge que canta e que sabe rimar
e tem a pachorra de vir enfrentar?
Pois vire essa bunda que vais levar couro
seu verso é de lata, meu verso é de ouro
cantando galope na beira do mar.


Cairo - Jumento, fuleiro, poeta bichado,
um corno arrombado que não tem amigo,
que vive em castigo, és um pobre mendigo,
o boi mais fodido, marido viado,
mulher das esquinas, penico mijado,
poeta manjado até mesmo em xingar
não serves pra nada cagão singular,
matuto, molenga, macaco, cavalo...
Tu és o cocô escorrendo no ralo
nos dez de galope na beira do mar.


Nilson - Oh, Cairo, viado, seu corno bundão!
És trouxa, canalha, ladrão, vigarista,
sebento, babaca, imbecil, masoquista,
otário, marreco, és um boi vacilão
retarda, ranhoso, palerma e cagão,
sujeito mais burro, só quer apanhar.
Cretino, coitado, não sabe rimar:
És parvo, panaca, farsante e cretino;
achando-se o tal tu te mostras menino
cantando galope na beira do mar.


Cairo - Que isso amiguinho? Que verso mais fula!
Que verbo nojento, cagão, fedorento...
Lhe parto em quarenta, pois sou violento,
foi eu que cortei os dois dedos do Lula
você não é nada, não passa de mula
que empaca, não canta, não sabe rimar
a sua viola só sabe falar
que sou bom da peste, que sou bom demais
e todos me aplaudem porque sou vivaz
nos dez de galope na beira no mar.


Nilson - Qualé, Rosa Púrpura, aprume teu verso,
melhore essa escrita senão te arrebento
'cê sabe, meu velho, me sobra talento
e nessa peleja sou bom e perverso:
Sou Nilson, meu velho, tu posa de "Nérso"
se chama pra treta, pois vais arregar,
sair miudinho, pedir pra cagar...
Seu verso é capacho, eu atinjo o tal zênite.
O dedo do Lula? Matei o John Kennedy!
Nos dez de galope na beira do mar.


Cairo - Não sou Mancha Verde e jamais Tricolor...
A tua riminha vai dentro de um balde,
a minha ultrapassa os trezentos mil raund
te pega de quatro arrancando o bolor
do teu fundo feio, cheím de fedor
e todos agora começam louvar
o meu jeito manso de leve pegar
um cabra que mata um só homem em vão,
matei cuma bomba um montão no Japão
nos dez de galope na beira do mar.


Nilson - Irrita no Cairo ele ser tão baitola!
O cara até sonha com pintos e bundas.
Não sou da sua turma, você não confunda
Você desencane: comigo não rola.
Segure essa franga, seu Cairo, controla;
e volte pra rima, pro bom duelar.
Eu sei que és tão biba e só queres um par,
mas cá na Trovart não mordas a fronha:
Você se complica, só passas vergonha
cantando galope na beira do mar.


Cairo - Eu sou a topeira que rói todo o chão,
poder militar de trocentos mil cabra;
eu sou um encanto maior que "acadabra",
veleiro vivaz em qualquer um tufão,
cantor afinado, a madeira que não
consegue jamais por cupim acabar,
o ferro que nunca ferrugem terá;
eu sou o poeta que dou ponta pé
tu não és ninguém, pois só andas de ré
nos dez de galope na beira do mar.


Nilson - Se estou na peleja, eu esqueço o cansaço,
mas tudo se acaba, meu tempo e a cerveja.
A próxima, Cairo, eu espero que seja
na mesma batida e no mesmo compasso.
Estou indo nessa, mas deixo um abraço
ao povo bacana que veio escutar;
e, truta, querendo, é só vir me chamar:
Não falta vontade, nem rima ou assunto.
É nóis dois na área. Isso aê! Tâmo junto
cantando galope na beira do mar.

10/05/2011

Interações de poetas da comunidade do Orkut, Bar dos Escritores:

Jarbas Siebiger - 06/07/2011

Ataque:

O Cairo e o Nilson são dignos nababos
daquilo que o demo carrega na testa
calangos se acham, nessa triste festa
mas são lagartixas abanando seus rabos
não há quem aguente esse pobres diabos
montaram seus jegues à galope pra sampa
com blushes e rímels borrados na estampa
a tempo de andar de mãos dadas na "gay"
gritando, malucas: "Bolsô é meu rei!
quem trova sem arte, aqui não acampa!


Cairo Pereira - 14/07/2011

Resposta:
O Jarbas, coitado, não é afinado!
Por isso não tem o gracejo da rima;
o Nilson, ligado, já sabe que a esgrima
só serve pra quem reconhece o malvado
contor de primeira que tem um bocado
de versos, assuntos e bom linguajar;
não ponha, seu Jarbas aqui neste bar
palavra em inglês pra o cantor tão matuto
que tua mulé se lascou co' homem bruto
nos dez de galope na beira do mar.


Ft - 14/07/2011

Ataque:

Não tem mais duelo, nem farpa, contenda
porque destes dois metidinhos a vates –
de lirismo tosco, faltando em quilates –
não há brilhantismo, nem rima estupenda
senão enganando em partir pra oferenda
pra Buda, pra Zeus, pra São Jorge, Yemanjá
(ou Whitman, Machado, ou Ferreira Gullar)
achando que adianta louvando estes deuses
se o único DEUS (o Ft) está há meses
instruindo o galope na beira do mar...

Não houve mais respostas rsrs

Um comentário:

  1. Ri muito, diverti-me à beça... Também nunca tinha visto tanta adjetivação numa só construção. Mas estão de parabéns, criatividade nota mil.

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